O camisola 8

Adora futebol. Por isso jogava no meio do campo com a camisola 8, igual ao ídolo. “Essa é a melhor posição, pega na bola o tempo todo”. Agora escreve sobre esse Mundo que é o futebol.
De tudo um pouco, na maioria das vezes sem saber o que diz, das outras sem saber o que dizer.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Desilusão da Época : V.Setúbal

  Independentemente de a Naval ganhar ou não os dois jogos que faltam (e assim o Vitória descer), o clube sadino é a grande desilusão de época, descer de divisão será só o culminar de uma temporada desastrosa.
  Quando depois de um trabalho meritório no União de Leiria na sempre complicada divisão de Honra, Manuel Fernandes pegou numa equipa em cacos no meio da temporada passada, e salvou o clube da descida, previa um temporada tranquila no ano seguinte. Era uma equipa herdada de Carlos Azenha, que promoveu muitas experiências na pré-época, era um plantel recheado de jogadores vindos de divisões inferiores (Luís Carlos, Lourenço ou Vasco Varão), jogadores jovens (Djikiné, Rúben Lima, André Pinto, Rui Fonte) e até apostas em craques internacionais ( Kazmierczak, Zoro ou Fernandez). Reforçado em Dezembro pelos "batidos" Ricardo Silva ou Neca, com a aposta em Keita e a explosão (?*) de Hélder Barbosa, Manuel Fernardes conseguiu com um plantel curtíssimo emendar alguns erros de planeamento, e com um futebol cínico e traiçoeiro ir amealhando pontos que se revelaram decisivos. 
  
   Manuel Fernandes não é nem nunca foi, um treinador brilhante, não é um mestre da táctica, mas as suas equipas eram personalizadas e com carácter, é um excelente condutor de homens e as suas equipas cedo se mostraram guerreiras e atrevidas. Sempre com uma alternância entre um 4x4x2 Losango e um 3x5x2 , iguais em organização formal, e modelo de jogo. Com uma forte aposta em saídas pelos flancos, os seus laterais como papeis essenciais na condução de jogo ofensivo numa 1ª Fase ( ou nos jogos grandes, jogando com Centrais, estes fecham por dentro, e utiliza um jogo mais directo), onde a bola entrava no falso avançado ( Hélder Barbosa) ou no Nº10 que pensava e temporizava o jogo. Vendo o Setúbal a jogar dá a ideia de existir apenas o momento defensivo e o ofensivo, pois as suas equipas partem no meio campo. O que interessava era a bola entrar na frente, os médios têm como principal função fechar os caminhos à frente da defesa. Uma ideia muito mais estruturada e trabalhada em Leiria ( também com melhores intervenientes).
  Esta época, a equipa de Setúbal reuniu um bom conjunto de jogadores, experientes e com pouco - ou nenhuma - margem de progressão, mas com imensa qualidade ( se bem que em declínio). Diego era um valor seguríssimo para a Baliza, Miguelito era um lateral à Manuel Fernandes, e Valdomiro foi a cereja no topo do bolo numa defesa que manteve Collin, Ricardo Silva e Ney como referências na última época. Silva para a frente da defesa vinha dar luta ao lesionado Djikiné, Hugo Leal e Zé Pedro (mais que Gallo) vinham acrescentar técnica ao músculo do meio campo, e Pittbull era o elemento mais de um ataque recheado de brasileiros que se esperava que pelo menos fizessem tantos golos como Keita.
  
  Se calhar o que pecou foi o excesso de experiência, daí que se tenha destacado tanto a frescura de Zeca, pois uma uma equipa muito lenta, onde só Ney e Pittbull conseguiam incutir velocidade, que facilmente se descompensava e que tinha dificuldades em chegar com bola à área. Viveu muito de bolas paradas (Collin, Silva, Ricardo Silva ou Valdomiro), e teve muita dificuldade em ligar o seu jogo. Praticou um futebol desgarrado e acomodado, que viveu apenas de individualidades. Das equipas que pior futebol praticou globalmente, a par do Leiria, V.Guimarães e Naval (1ª  Pré-Mozer). Portimonense por exemplo sempre apresentou um futebol mais pensado e atractivo, mas o futebol vive de resultados, e não teve os intervenientes e a sorte para se manter. 
  O pior para mim, que tenho algum carinho pelo clube da cidade do Sado, é que Bruno Ribeiro não me parece a solução ideal para acrescentar algo mais à equipa. Espero me enganar.

* A referência à explosão de Hélder Barbosa deve-se ao facto de acreditar que pode dar muito mais que deu até agora, nomeadamente esta época.

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